sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Eu queria ser do tipo cafajeste.



Eu queria ser do tipo cafajeste, daquele tipo malandro, o tipo de homem que não se apaixona e nem se deixa levar por uma “simples” mulher. Queria ter o poder de conquistar todas de uma vez só, queria ser galante, falar, jogar minha lábia pra cima delas e vê-las caidinhas diante dos meus pés. Ora, ora, eu queria ser um colírio aos olhos delas. Queria ser o assunto de suas conversas, queria estar em seus pensamentos durante as noites frias, queria ser muito mais do que imagino.
Mas não sou.
Sou um bobo, uma apaixonado. Um homem carente de carinho, amante solitário a espera de sua amada na cama sozinho. Sou uma decepção para a raça humana masculina, sou um ser cheio de sentimentos e vazios.

Por: Fellipe Sousa Barreto. 
 

sábado, 14 de janeiro de 2017

Nem me lembro mais


Nem me lembro mais, se um dia fui o que era antes. Estou tão diferente, tão modificado, nem um pouco entusiasmado. A vida segue seu ciclo conturbado, transforma em dramas o que antes era apenas comédias, do que era amante transforma em solitário. Eu que antes andava tão acompanhado de tudo, hoje sigo meu caminho tão sozinho, sem amigo ou amantes.

Dos poucos amigos que guardei, guardei apenas aqueles que valiam a pena.

Das amantes que um dia tive, ou parecia ter, mantenho-as nos meus sonhos.

“Bobagem!” talvez diga quem lê, mas é verdade, é a mais pura realidade. A vida, com o passar do tempo, vai corroendo o homem, tirando seus amigos, amantes, felicidade e vontade de continuar. Apresenta para gente a maldita! Ah, que maldita! Apresenta a tristeza aos nossos olhos, olhos que antes viam e transmitiam apenas alegria, mas que hoje transbordam carência, tristeza e sono.

Mas a vida não venceu, a vida continua esse jogo comigo e eu continuo jogando. Apostando pouco ou alto, mas sigo vivendo, buscando consolo em vinhos baratos, mulheres desfavorecidas de graça e cigarros de procedência duvidosa. Sigo vivendo e esperando que daqui um dia, meses ou anos, eu me sentia tão bem quanto antes, quando tudo fazia o mínimo de sentido.

Por: Fellipe Barreto



terça-feira, 31 de maio de 2016

Sentimental


Ela veio para mim como a noite vem para o dia. Veio bela como as flores que inundam a primavera. Toda sincera, em cada palavra doce que saia de sua boca, era única até no tom de sua voz. Fez-me diferente do que antes era. Conquistou-me no primeiro ato, no primeiro contato, no primeiro toque. Fez-me rei e eu lhe fiz rainha, fez-me de louco e eu lhe fiz rir.

Mas foi embora tão bela quanto veio. Entrou no carro, engatou a primeira e me deixou sozinho na calçada em frente ao nosso castelo. Por onde anda, não sei. Mas sempre me pergunto “como ela deve estar?”. Ela pertence ao mundo, como as estrelas pertencem ao espaço, como os pássaros pertencem ao céu.
Por: Fellipe Barreto

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Por onde anda?


Por onde anda aquela que nunca foi minha, mas que em meus sonhos me pertencia?

Angústia maldita esta, penso em coisas terríveis: “voltou-se aos braços daquele maldito revolucionário mortadela?”. Faço calar meus pensamentos, com auxílio daqueles comprimidos e cigarros, amigos poucos convencidos, tão amáveis, confesso que outro dia o cigarro que vinha em direção à boca minha perguntou sincero: “como vai seu dia?”, disse que ia sobrevivendo e o traguei sem dó ou piedade.

Por onde andará a moça dos cabelos encaracolados de outrora? Faço saber que em meus sonhos não mais a vejo, espero que esteja bem, feliz cercadas pelos outros amigos, mas se triste estiver, sem pensar, lhe entrego meus braços para lhe confortar num abraço sincero e cheio de pranto.

Deus ou qualquer outra força que tanto clamamos, diga-me com sinceridade como ela está, clamo para que deixe-me admirar aqueles olhos pelo menos mais uma vez,  aquele sorriso revolucionário e ouvir sua nobre voz chamando pelo meu nome.

Resta a mim, voltar à minha tarefa derradeira, cavar com uma colher de sopa o fundo do poço no qual me deparei.

Fellipe Barreto

terça-feira, 12 de abril de 2016

Decepcionante


A decepção que sinto agora, não é a mesma da primeira vez que lhe vi. Ah, é deveras pior, pois me aproximei novamente imaginando algo de novo,  desejando que algo de bom realmente fosse surgir de ti, mas a decepção fora tamanha, você é a mesma de antes, ou pior depois que bebi e fumei, você é nada de mais meu bem. Você é só uma, única com esse dom de ser decepcionante aos espectadores que anseiam algo de bom de ti, você é o nada diante de mim: o tudo.

O texto é pequeno, pois a pessoa não vale as linhas que teimo escrever, leitor.

Por: Fellipe Barreto

domingo, 10 de abril de 2016

Detesto


Me detesto, pois era muito criança quando lhe conheci. Acredita? Mas o tempo fez uso de seus trunfos e nos distanciou, dias, meses e anos. Diga-se que talvez tenha eu amadurecido, mas ainda sou criança e não sou para ti, adiante me peguei lhe relembrando na saudade, mergulhado nas bebidas, tentei afogar o desejo que tinha de lhe ver pelo menos uma última vez.

Levei socos e pontapés das outras, xinguei e me xingaram, pois nenhuma era assim como você. Vi nos ponteiros daquele relógio seu sorriso, vi naquela garrafa de pinga seus vexames, vi em mim a impotência de não tê-la em meus braços. A distância não foi o bastante para lhe afastar de meus pensamentos.

Hoje você volta. E ainda me detesto por não acreditar nisso.

Por: Fellipe Barreto.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

O tudo e o nada


Ajoelha-te perante mim! Pois sou o tudo e o nada. Sou o além do infinito. Estou sempre sentado na mesa do bar comemorando minhas conquistas. Rodeado de amigos, rindo de qualquer coisa tola, sempre planejando o próximo passo. Sou grande, sou grandioso diante dos menores. Essa parte de mim é pequena, quase nunca vista.

Se aconchegue, me abrace. Me de seu ombro para confessar meus prantos. Sou o nada, diante do infinito. Sou finito, penso logo no fim. Estou sozinho, enquanto meus amigos comemoram. Sou apenas um, mas há duas partes dentro de mim, lutando entre si: o tudo e o nada.

Sou uma bipolaridade de emoções e sentimentos brigando entre si. Estou estarrecido, aguardando quem irá vencer.

Por: Fellipe Barreto